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Daison Iuri

A criança como modelo de vivência

"A vida é uma constante oscilação entre a ânsia de ter e o tédio de possuir”, quando me deparo com tal afirmação citada por Arthur Schopenhauer não posso negar sua veracidade num caráter antropológico. Pois o ser humano vive uma inconstância entre o ter e o ser.


Faço um convite aos caros leitores para analisarem nossos pequeninos, nossas crianças, que com uma criatividade brilhante são capazes de criar os mais diversos mundos possíveis e impossíveis, onde para nós adultos nada faz muito sentido, onde já se viu um rio de chocolate, ou ainda, pessoas com poderes. Quanta ignorância das crianças podemos pensar.


Na verdade a ignorância é toda do ser humano adulto, onde não vemos mais sentido em algo criativo, não vemos significado naquilo que não pode ser visto e sentido. O "Pequeno Príncipe" já nos alertava quando dizia "[...] os adultos são estranhos." Somos admiradores de muitas coisas, essas passageiras, a ânsia que Schopenhauer destaca é o desejo humano desenfreado, ansioso para atingir um sucesso para lhe inflar o ego, pois bem, os adultos são realmente estranhos.


Procuramos um pertencimento eliminando relações, procuramos nos encaixar em todos grupos pois não suportamos nossa própria presença e além de tudo pela minha ânsia de querer ter, eu "descarto" o próximo pela minha ganância, pela minha falsidade e pela minha falta de alteridade.


Perdoe-me leitores pelas palavras pesadas, mas é preciso que tenhamos um "baque" de realidade para entendermos que nosso querer não pode superar o nosso ser, a nossa essência, pois "nos tornamos responsáveis pelo que cativamos". O real valor das coisas está em ter ou ser?


Independente da idade podemos perceber as formas de lidar com as várias situações, umas criam e vivem, outras vivem e criam. Podemos aprender com as crianças, são os maiores filósofos, questionadores de tudo. As crianças criam seus planos, afloram suas ideias em busca do que acreditam, não para agradar alguém, mas para viver o que são capazes de criar.


Aristóteles afirmava que "O homem é um animal racional." Não discordo do Filósofo Estagirita, o ser humano dotado de razão faz o processo inverso no que diz respeito ao valorizar. Ele vive e cria, vive uma vida que anseia por ter algo e cria seus próprios problemas que o mesmo não sabe resolver. Realmente os adultos são estranhos.


Estranhamente estranhos, a ponto que não reconhecermos mais o real valor do ser, do ser humano, do ser valoroso, estamos adoecendo constantemente, e corremos o sério risco de entrarmos e "extinção", não digo do ser humano, mas das relações voltadas as virtudes, do afeto, do amor e da simplicidade.


O cansaço tomou conta do ser humano, contamos os dias para tudo acabar, nossas aulas, nosso trabalho, nossa presença em família e ansiamos pelo passageiro, pela balada, pela bebedeira e pela euforia. Inversão de valores? Falta de significado? ou tão somente um cansaço físico e mental?


Que possamos buscar sempre um sentido, um encontro com o Criador, através disso tenhamos a certeza que o ser é "essencial e invisível aos olhos" e o ter, o segundo plano. Deste modo amenizaremos a "doença humana" da rebeldia adulta contra aquilo que é importante. Aprendamos com as crianças ,a criar e viver.... Criar boas intenções para viver de acordo com nossos ideais.


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