CPI da Saúde: profissionais confirmam irregularidades em depoimentos
Updated: Jun 14
A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investiga denúncias de irregularidades na Secretaria Municipal de Saúde chegou ao seu terceiro dia de depoimentos nesta quarta-feira, 12. Foram ouvidas a psiquiatra Andrea Bico da Cruz e as psicólogas Leslyê Ayres Glashorester e Vanessa Santos, todas prestadoras de serviço à prefeitura através do Consórcio Intermunicipal de Saúde Vale do Jacuí.
Os depoimentos reafirmaram pontos relatados por testemunhas anteriores, como o trabalho de profissionais dentro de prédios públicos em vez de consultórios particulares, combinação de pagamento por carga horária ao invés de por consulta, e a contratação direta dos profissionais por servidoras da prefeitura, desrespeitando a norma de indicação pelo consórcio.
As profissionais relataram terem sido contratadas diretamente por Lídia Mara França Gonçalves, investigada pela CPI, e que respondiam hierarquicamente a Lisiane Cristina Ritzel Homrich, também sob investigação.
Depoimentos
A psiquiatra Andrea Bico da Cruz afirmou que Lisiane havia informado, em reunião, que o consórcio permitira o trabalho dentro da rede pública. Andrea negou ter realizado registros falsos de consultas e explicou que, além das consultas, participava de uma equipe multidisciplinar que realizava matriciamento, o qual era registrado no prontuário do paciente e contabilizado como consulta.
Ela também revelou ter trabalhado sem contrato por um curto período em julho de 2023 devido a um atraso na renovação, mas que foi remunerada retroativamente. Recebeu também por uma semana de férias.
Leslyê relatou que possuía uma cota mensal de consultas a atingir e que, tal como Andrea, teve férias remuneradas e recebeu de forma retroativa pelos meses iniciais de trabalho sem contrato. Descreveu várias outras atividades além das consultas, todas registradas no sistema, e só percebeu as irregularidades após uma reunião com a auditora da prefeitura, Débora Dickel de Jesus Pessoa, o que a levou a se desligar do consórcio.
Vanessa Santos confirmou ter tirado férias pagas e trabalhado sem contrato nos primeiros meses. Ela relatou que tomou conhecimento das irregularidades numa reunião com a então diretora-geral da pasta, Fernanda Reichert, e pediu desligamento dias depois. Vanessa destacou que qualquer atividade era registrada no sistema e que tinha consciência do pagamento por consulta, embora trabalhassem por carga horária.
Ela contestou uma tabela da auditoria que indicava apenas um atendimento efetivo em um mês com 141 atendimentos pagos, afirmando que havia falhas no sistema da secretaria, como o não salvamento de registros.
Próximos passos
Amanhã, dia 13, a CPI ouvirá os cinco investigados. Pela manhã, prestarão depoimento as servidoras Lídia Mara França Gonçalves e Lisiane Cristina Ritzel Homrich. À tarde, será a vez dos ex-secretários de Saúde Marcelo Figueiró, Milton Kelling e Paulo Machado.
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