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William Barreto

Primeira deputada federal negra: abolição não foi concluída

Updated: May 20

Na quinta-feira (29), a Casa de Cultura Paulo Salzano Vieira da Cunha foi palco de um debate promovido pela vereadora Telda Assis (PT). O evento trouxe como convidada a socióloga e primeira Deputada Federal negra eleita no Rio Grande do Sul, Reginete Bispo, com a temática "Antirracismo – elitismo histórico cultural".

Foto: Maria Eduarda Moraes

A abertura do evento foi marcada por apresentações de danças de origem africana realizadas por três jovens: Ana Luiza, de 16 anos, Helen Rodrigues, de 19 anos, e José Carlos, de 23 anos.


Durante sua fala, a deputada Reginete Bispo destacou que:

“O racismo não é problema dos negros e sim, de uma sociedade doente e violenta”.

Ela ressaltou que, apesar do Brasil ser um país pacífico, sem guerras, mantém uma memória forte dos 350 anos de escravização, período em que a escravidão era formalmente aceita pelo Estado e pela Igreja como algo normal e natural.


“A história brasileira é de um país escravocrata, no qual, a abolição da escravatura tem 136 anos de uma abolição não concluída, podendo-se afirmar categoricamente que a escravização tem sido permanente”. afirmou Bispo. Ela mencionou um caso recente no Rio Grande do Sul, onde quase 300 pessoas foram resgatadas de condições de trabalho análogas à escravidão na Serra Gaúcha.


Reginete Bispo também falou sobre o caráter estrutural e institucional do racismo no Brasil “Afirma-se que no Brasil o racismo é estrutural e institucional. O racismo é um sistema de dominação, não se trata de gostou ou não de preto, sim como o sistema-estrutura de poder funciona no sentido de manter o ouro subjugado,” disse a deputada. Ela enfatizou que o racismo é tão perverso que diminui a autoestima de crianças e jovens, fazendo-os acreditar que são inferiores.

“O racismo é tão perverso que leva a pessoa acreditar ser inferior, diminuindo a autoestima das crianças e jovens”.

Segundo Bispo, “não existe democracia enquanto não se romper o ciclo histórico perverso, que se renova e reatualiza todos os dias”. Ela explicou que o racismo no Brasil é dinâmico e se atualiza através de um sistema de enfrentamento, formando uma 'engenharia perfeita de dominação', criada pelo colonizador para manter as pessoas negras subjugadas. “O colonialismo fez sua primeira engenharia dividindo a sociedade, pois, enquanto houver divisão, eles estarão no domínio”, afirmou a deputada.


A deputada concluiu dizendo que o racismo opera a partir da cultura, negando a existência e os valores civilizatórios das comunidades negras. "Quando se fala em cultura, não são as manifestações culturais, é o modo de vida das pessoas, das comunidades. São os valores civilizatórios que cada povo carrega em si. O racismo atua negando a cultura, a existência enquanto seres civilizados."


O evento foi um momento de reflexão e conscientização sobre as raízes e a perpetuação do racismo na sociedade brasileira, destacando a importância de ações concretas para romper com essa estrutura histórica.

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