Servidora expõe fraudes na saúde e denuncia assédio em CPI
Na quarta-feira, dia 27, a servidora Débora Dickel de Jesus Pessoa foi novamente ouvida como testemunha na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Saúde. Responsável pela auditoria que investiga supostas irregularidades na Secretaria da Saúde, Débora reafirmou denúncias previamente feitas e apresentou novos documentos. Ela também mencionou que o Ministério Público solicitou informações adicionais para aprofundar as investigações.
Desde 2021, o Ministério Público tem requisitado documentos sobre irregularidades na contratação e pagamento de prestadores de serviços ligados ao Consórcio Intermunicipal de Saúde Vale do Jacuí, que está sendo investigado pela CPI.
Uma das denúncias trata do registro de consultas em nomes de pacientes falecidos. Questionada sobre possíveis atrasos nos registros, Débora apresentou documentos que mostravam discrepâncias significativas entre as datas das últimas consultas no sistema da Secretaria de Saúde e os registros no sistema do consórcio, com uma diferença de até um ano em um dos casos.
Débora revelou que um paciente falecido recebia atendimento em grupo, mas os registros dos profissionais indicavam consultas particulares, que possuem remuneração mais alta. Ela afirmou que essa prática era comum.
A CPI também investiga o inflacionamento de registros de consultas. Outras testemunhas argumentaram que as consultas registradas no sistema da secretaria eram inseridas no sistema do consórcio posteriormente, às vezes com meses de diferença. Débora verificou diferenças de até 90 dias, que é o prazo padrão na prefeitura para receber por um serviço. Mesmo assim, os dados não coincidiam. Se a diferença entre a consulta real e o registro no sistema do consórcio ultrapassasse 90 dias, ela considerava a prática irregular.
Débora relatou que os servidores responsáveis pela digitação das consultas no sistema do consórcio afirmavam que a tarefa era muito trabalhosa, especialmente com novos pacientes, resultando no uso do nome de outro paciente para registrar a consulta.
Questionada pelo vereador Kader Saleh sobre a “garimpagem” de profissionais para indicação ao consórcio, Débora confirmou que a prática é comum. Quando o consórcio não tinha um especialista necessário para a prefeitura, servidores procuravam e indicavam que ele se cadastrasse no consórcio.
Perguntada pela vereadora Telda Assis se reafirmava ter sofrido assédio, Débora confirmou, mas, visivelmente abalada, preferiu não falar sobre o assunto à CPI.
Débora convidou os vereadores a conhecerem o sistema da Secretaria de Saúde, com o objetivo de facilitar a compreensão das supostas irregularidades na pasta.
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